
O mercado de trabalho mudou drasticamente nos últimos anos, e o home office se consolidou como uma modalidade frequente em diversas áreas. No marketing, especialmente, essa forma de trabalho é cada vez mais comum, já que muitas funções podem ser desempenhadas à distância com total eficiência. No entanto, ainda que o ambiente doméstico seja visto como mais seguro, ele não está livre de imprevistos que podem gerar acidentes ou lesões.
E é nesse ponto que surge a dúvida: quem trabalha em home office também pode ter acesso ao auxílio-acidente?
Para responder a essa pergunta, é preciso compreender o que é esse benefício, quais são as condições para recebê-lo e de que forma ele se aplica a profissionais de marketing que atuam remotamente.
O que é o auxílio-acidente
O auxílio-acidente é um benefício pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a trabalhadores que sofreram um acidente — seja ele de trabalho ou não — e ficaram com sequelas permanentes que reduzem sua capacidade laboral. Diferente do auxílio-doença, que é temporário, o auxílio-acidente tem caráter indenizatório e é pago mensalmente até a aposentadoria do segurado.
O valor corresponde a 50% do salário de benefício e pode ser acumulado com o salário, já que o trabalhador pode continuar exercendo suas funções mesmo após a concessão. A ideia é compensar a perda parcial da capacidade de trabalho e ajudar na adaptação à nova condição.
Acidentes e lesões no home office
Muitas pessoas associam o auxílio-acidente apenas a atividades de alto risco físico, como construção civil ou indústria. No entanto, profissionais de marketing que atuam em home office também estão sujeitos a situações que podem causar danos permanentes à saúde. Entre os problemas mais comuns estão as lesões por esforço repetitivo (LER), como tendinite e síndrome do túnel do carpo, dores crônicas na coluna por má postura, e até distúrbios visuais decorrentes do uso intenso de telas.
Essas condições podem parecer leves no início, mas em alguns casos se tornam irreversíveis, reduzindo a capacidade de trabalho do profissional. Quando o dano é comprovado, o direito ao benefício não depende do local onde ocorreu o acidente ou lesão, mas sim da consequência sobre a saúde e a capacidade laboral.
É aqui que o conhecimento sobre direito previdenciário se torna essencial para que o trabalhador entenda como garantir seu benefício e quais documentos e provas precisa apresentar.
Critérios para concessão
Para ter direito ao auxílio-acidente, é necessário atender a alguns requisitos:
- Estar inscrito como segurado do INSS na data do acidente ou do início da lesão.
- Ter sofrido um acidente ou adquirido uma doença que cause redução parcial e permanente da capacidade para o trabalho habitual.
- Comprovar, por meio de perícia médica do INSS, que a lesão interfere nas atividades profissionais.
No caso de profissionais de marketing, isso significa apresentar laudos médicos, exames e até relatórios de fisioterapeutas ou ortopedistas que demonstrem como a lesão afeta o desempenho de tarefas como digitação, uso de softwares, produção de conteúdo e atividades criativas.
A importância da perícia médica
A perícia médica é o ponto central do processo. É nesse momento que o perito do INSS avalia se a sequela é realmente permanente e se ela reduz a capacidade de trabalho do segurado. Por isso, é fundamental chegar preparado para a avaliação, levando todos os documentos e exames, além de explicar com clareza como o problema impacta suas funções diárias.
Para profissionais que trabalham remotamente, vale detalhar não só a função principal, mas também atividades complementares que possam ser prejudicadas, como participação em reuniões online, edição de vídeos, criação de peças gráficas e gestão de redes sociais.
Como solicitar o auxílio-acidente
O pedido deve ser feito pelo aplicativo ou site Meu INSS, selecionando a opção “Agendamento de Perícia” e escolhendo “Perícia Inicial”. No dia marcado, o trabalhador deve apresentar toda a documentação, incluindo atestados, exames, relatórios médicos e, se possível, uma descrição das atividades que realiza no trabalho.
Caso o benefício seja negado, é possível recorrer administrativamente ou acionar a Justiça para garantir o direito. Nesses casos, contar com o apoio de um advogado especializado pode aumentar as chances de sucesso.